17 de set. de 2008

Cheiro de avó

E cá estou eu.

Pensando um monte de coisas quando deveria estar pensando em um título pro anúncio de carros usados de um cliente.

Entre essas coisas eu lembrei da minha avó.

Vovó Dezinha.

É, ela era tão fofinha quanto o nome.

E sim, ela já morreu.

Eu a amava do fundo do coração. Afinal de contas, ela era daquelas avós que todo mundo amava. Até os netos das outras avós.

Eu tenho uma visão muito particular da Dona Morte.
Inevitável.
Igual a lamber a tampa de alumínio do iogurte.

E acho que foi por isso que eu, por mais incrível que possa parecer, não fiquei triste quando ela morreu.

Chorei, é claro. Mais do que o Cesar Cielo.

Mas chorei de saudade. E não de tristeza. Porque eu sabia que ela era feliz.

Bastava olhar naqueles olhinhos pequenos para ver que ela era muito feliz.
Sabe aquela pessoa que você olha e muda seu humor?
Ela era assim.

E não era aquela felicidade que se sente quando o time ganha do rival, ou quando se acha uma nota de 50 no bolso da calça.

Era felicidade de ter vivido. E bem.

E é por isso que eu não fiquei triste quando ela cansou daqui e partiu.

Apesar de às vezes ainda chorar de saudade.

Quando eu me lembro do abraço e do beijo na cabeça.
Ou da risada aguda e contagiante.
Quem sabe é por causa dos carinhos no meu cabelo quando eu deitava no colo dela?

Mas nada se compara a lembrança do cheiro dela.

Cheiro de avó.

Da minha vovó Dezinha.