16 de ago. de 2008

Sexta-feira

Eu acho engraçada a revolução que a sexta-feira causa na vida das pessoas.

Sério mesmo.

As sextas-feiras são repletas de perguntas como: “E aí, qual é a boa de hoje?”
E se você ousar responder que não vai fazer nada corre o risco de ser olhado de uma maneira estranha, como se de repente seu rosto se transformasse no de Dercy Gonçalves. Com hanseníase.

Sem falar que ninguém trabalha na sexta-feira.
Nem os chefes.
Aliás, muito menos os chefes.
A única coisa que acontece nas sextas-feiras são as conversas:
“Hoje eu vou nos Jardins, pegar arnega (playboyzês para “as negas”).
Ou então:
“Amiiiiiiiga. Tudo certo pra hoje, né? Vai ter Felipão & Forró Moral na Fashion. A gente se encontra lá. Beijo, miga”.

Argh.

Eu fico nervoso nas sextas-feiras.
Essa pressão social pra fazer alguma coisa me tira do sério.
Numa sexta-feira dessas (justo quanto eu tinha prometido que ia arrancar o fígado pelo sovaco do próximo que me perguntasse o que eu ia fazer) um dos meus chefes entrou na sala e começou a discursar sobre como ele adora a sexta-feira, como ele passa a semana toda esperando por ela e todo o discurso “I coração Sexta-Feira".
Ele passou, no mínimo, meia hora puxando o saco desse maldito dia.

Eu estava suando.

Minha cadeira estava parecendo uma daquelas bóias de parque aquático. Aquelas que quando você se mexe faz um barulho agradável, sabe?
De repente ele virou pra mim e fez: “E aí, Paulo? Hoje você vai...”

O sangue subiu.

A veia na minha testa parecia o Grand Canyon e eu não me controlei. Levantei da cadeira (e o barulho da bóia me irritou ainda mais), olhei nos olhos dele já esperando pra jogar a bandeira de R$1,00 do Náutico que tem em cima do monitor assim que ele completasse a pergunta.

“... sair na hora, né? Pra compensar que você ficou até tarde ontem.”

Ufa.

Odeio sextas-feiras.